segunda-feira, 14 de maio de 2007

Milão


Dia 5

A viver uma enorme experiência na minha vida.
Arranjamos, mesmo sem sequer saber os nomes, 1 casal de canadianos, que chegou à estação de Génova à mesma hora que nós, sem sitio para onde ir, com comboio à mesma hora.
Ficamos a dormir no chão da estação. Combinamos que 1 dos rapazes ficava de vigia. Até às 4 horas locais fico eu acordado. Depois fica ele. Cooperação internacional ao mais alto nível.
Temos um mendigo aqui a dormir ao lado.
O trabalho de vigia é um processo de avaliação. Avaliação de riscos e potenciais riscos. Há uma postura base de atenção que deve ser sempre mantida. Depois quando aparece alguém é preciso avaliar o potencial de risco que esse indivíduo nos pode causar. Em casos em que esse risco sobe é importante uma mudança de posição, um retesar de músculos, para demonstrar que estamos atentos e preparados para entrar em acção. Esperamos que isso não seja preciso, mas estamos preparados.
Já por aqui passaram africanos, asiáticos, latinos, mas com aparente aparência italiana não. É a globalização.
O grau de concentração é tal que vem um pequeno vento, mexeu um pequeno pedaço de papel, faz um barulho, a atenção vira-se logo para esse ponto de onde vem o barulho.
Há outro mendigo por perto, ouço o rastejar dos cartões no chão.
Lá para as 2.23, quando ainda falta uma hora para o fim do meu turno, entrou na estação uma ambulância. Veio buscar alguma coisa, ou dar apoio a alguém. Já se vai embora, eu não vi ninguém a ser levado para dentro da ambulância, é porque foi falso alarme. O primeiro mendigo soltou uns suspiros de quem não sabe como chegou onde está, o segundo já acalmou não se ouvem as raspadelas.
Os meus parceiros dormem, parecem descansados.
Depois de algum movimento inicial, tudo isso desapareceu. Ninguém passa por aqui. Devem ter se intimidado pelo meu poder físico!!! hehe. Isto só tem um mal, dá sonolência, amolece. Para combater isso, alguns exercícios de yoga.
Resultaram, já estou mais desperto.
Acabou de passar gente. Não lhes consegui tirar a pinta, a nacionalidade.
Há foguetório, o mendigo também se peida. O mendigo 1 deve ter ficado borrado.
Entrou na estação um "aparente" mendigo à procura de um "quarto" vago para dormir, fez algum barulho. Acordaram os meus 3 parceiros e o mendigo 1. Mas sem dizer nada viraram-se para o outro lado e continuaram a dormir. Se amanha lhes falar disto, o mais provável é não se lembrarem.
Um mendigo 4 apareceu a vender um livro, e cravar um cigarro. Eu não fiquei com o livro, ele não ficou com o cigarro, até porque eu não tinha o cigarros mesmo!!
Entrou agora um velhote gordalhufa com o chapéu branco na cabeça e são 3.14. Muito estranho.
Quem é que a esta hora decidiu fazer mudanças?? Ouviram-se 2 estrondos. Será que estou a sonhar??Não.
Uma das coisas que penso quando estou sozinho é nos dramas, nas alegrias, dentro de cada imagem que os nossos olhos vêem. É divertido e entretêm.
Deixou de passar gente, mas veio um vento mais frio, há que fazer uns exercícios!!
Andrea e Cedric, ainda havemos de nos encontrar.
Milão, a cidade elegante, vai ser encarada com suor debaixo dos braços, mas um bocadinho maior como pessoa.
"Tomar banho" no WC foi giro, e por incrível que pareça fiquei a cheirar bem.
Milão tem uma coisa, as pessoas podem não ser bonitas, mas têm estilo.
Tem também uma MegaStore da armani com tudo o que se possa imaginar. Desde armani i flores, armani i casa, e por ai adiante.
O teatro Scala quase passa despercebido, só tem mesmo o lado mítico, as galerias victor emanuelle são muito interessantes, a catedral de Duomo é grandiosa.
Comemos uma pizza, estamos em Itália certo??
À tarde andamos às "compras" nas ruas mais de Milão, fomos ainda ao local onde o Leonardo da Vinci pintou a "última ceia".
O cansaço começa-se a sentir, amanha provavelmente vamos descansar. É um ritmo duro. Ainda assim hoje vamos para Roma.
Já chegamos a Roma. A viagem foi muito esquisita, cheia de coincidências. Coisas estranhas. A chegada também foi um pouco estranha, pois estávamos a dormir, acordamos, perguntamos onde estávamos e era a estação onde tínhamos de sair.

Sem comentários: